sexta-feira, 10 de abril de 2015

Construa o SEU altar.

Quando começamos nosso estudo na Bruxaria, uma das primeiras coisas que os livros ensinam é a criação de um altar. Tal é a empolgação de montarmos um altar, que muitas vezes acabamos por esquecer o real significado de sua criação.
Os altares aparecem desde o período paleolítico, e é fácil perceber existência ligada a religiões. Mas não devemos entende-lo como único de exclusiva religião. Você pode não ter religião e mesmo assim possuir um altar – ou mais – em sua casa.
O altar é muito mais que uma mesa cheia de enfeites, com representações dos elementos. Ele é o seu ponto de poder. Uma representação do seu mundo em versão menor. O altar é um espaço sagrado onde você se ligará a outros mundos, e nada mais justo do que construir esse templo de forma “correta”.
Altar de Selena Fox
Muitos praticantes estão acostumados a seguir os passos indicados em livros, colocando cada objeto em seu devido lugar, indicado nas instruções. Quando criamos um altar, devemos saber exatamente o que CADA coisa representa e porque ela está onde foi colocada. Lembre que ele representa o seu mundo. Que espécie de mundo representaria um altar todo bagunçado e que não faça o menor sentido aos seus olhos?
Segundo a autora D.J Conway, há quatro passos na construção de um altar:
1.Saber exatamente o porquê do altar.
2.Planejar o altar.
3.Reconhecer as emoções envolvidas na decisão.
4.Construir.
Comece refletindo sobre a função do altar. Talvez ele seja um altar de devoção para alguma divindade, um altar exclusivo para a magia, um altar para a proteção da casa, ou quem sabe até mesmo um para atrair a felicidade aos habitantes do lugar. Eles são muito mais do que um mero local onde deixar suas ferramentas rituais.
Após sua decisão por montar um altar, pense na melhor forma de representar seu mundo. Você possui uma infinidade de formas de utilizar suas emoções e sentimentos, expressando seus desejos: preste atenção nas cores, formatos, objetos que representarão aquilo que quer no seu mundo. Ou talvez ele seja simples, apenas com a estatua de sua Deusa e uma vela. Não importa, desde que ele faça sentido para você.
Quando estiver decidido sobre a melhor organização do seu espaço sagrado, comece a construir. Use uma mesa, uma prateleira, uma pedra, ou uma gaveta. Forre com um tecido, utilizando cores e símbolos, e disponha os objetos na forma como achar melhor. Só porque um livro diz que sua taça deve ficar a oeste, não significa que você é obrigado a deixá-la neste ponto cardeal, se não fizer sentido para você. Monte seu altar da forma como entender.
Depois que montar seu altar, não esqueça de manter a energia circulando. Utilize-o orando, entoando cânticos, acendendo velas, queimando incenso. E não esqueça de manter a limpeza em dia. Assim como sua vida, o altar deve se manter limpo.
Há muito o que se falar sobre a construção de altares, mas que tal começar com o que possui em casa e montar um espaço onde você possa cultuar o seu sagrado? 
Altar do Temple of Witchcraft



Qualquer dúvida, perguntas, sugestões e criticas, você pode entrar em contato comigo pelo e-mail: circulodasbruxas@gmail.com

Referência Bibliográfica:
A Little Book of Altar Magic, de D.J Conway.

Vídeo Referência: https://www.youtube.com/watch?v=BxZtMhEhXBs (em inglês, mas vale a pena dar uma olhada mesmo que não entenda nada do que a moça fala.)

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

Apenas sinta.

“A chama da vela continua acesa, mesmo com a brisa que invade a janela e sopra seu cabelo. Você é uma mulher forte, de braços erguidos em direção aos céus. Lá no alto, a Lua joga seus raios prateados, que se mesclam com sua aura. Luz e energia. Você sente aquilo que jamais poderá ser vendido ou julgado. Você sente o real poder da Mãe.”

Eu lembro que quando eu era menor e se falava em magia e bruxaria, havia sempre um ar de mistério. Eu lembro de uma senhora que morava em uma pobre vila próxima a minha casa. Inúmeras vezes foram as que fui levado até ela para que ela me benzesse de vários males. E sempre funcionou. Diversas eram as lendas que circulavam a fazenda onde eu cresci. As antigas figueiras guardavam em si os mistérios da noite, ou a tal mulher de branco que cruzava o campo e era o motivo das crianças não saírem a noite. Ou até mesmo os tambores que eu ouvia no eterno silêncio da madrugada.
Todas essas coisas que assustavam meus primos, faziam meus olhos brilharem. Se toda essa magia existia, porque não aprender? As rezas das benzedeiras da vila, os mistérios que aquelas árvores escondiam, o forte tambor que ecoava pela noite. Nada disso era vendido, nada disso era distribuído em livros. Mas eu poderia aprender, bastava sentir.
Atualmente, vemos (me referindo a Brasil), uma total falta de respeito com todos esses ensinamentos. Vemos tanto pessoas se aproveitando para vender seu curso, seu livro, ou até mesmo seu alter ego, como pessoas que se colocam no direito de julgar a prática dos outros.
Há muitas formas de se praticar Bruxaria. E a sua, não importa qual seja, está correta desde que ela funcione para você. Mas sabe por que a sua prática incomoda tanto a dos outros? Insegurança, meus caros. Eu recebo muitas mensagens de pessoas que se sentem reprimidas por uma elite da bruxaria. Para todas, eu respondo a mesma coisa: não importa quem  apareça nos meios públicos ou quem se diga dono da verdade. No final, a verdade vai ser entre você e Os SEUS Deuses.
Eu, particularmente, acho maravilhoso quando encontro pessoas em meu caminho que praticam de forma totalmente diferente. Onde muitos poderiam ver uma ameaça (tanto de fama, popularidade ou poder), eu vejo uma oportunidade de aprender. Não importa quantos anos de prática e estudo eu possua, não importa com qual tradição eu estudei, a Deusa sabe ensinar das maneiras mais diversas possíveis.

Não tenha medo de ser julgado, não se feche dentro de um casulo com medo do que outros vão dizer. Não importa o nome que você dê a sua prática. Importa mesmo o que você carrega em seu coração, sua verdade. Quando alguém apontar o dedo pra você e lhe acusar de não ser uma bruxa, sorria. Um verdadeiro filho da Grande Mãe não precisa de reconhecimento público ou certificados. A Mãe sempre vai reconhecer Seu filho.


domingo, 27 de julho de 2014

Rosa dos Ventos Conclave de Bruxaria - Entrevista

Essa semana tive a alegria de entrevistar meu querido amigo Luís Gustavo (o Lugus), sobre a Rosa dos Ventos Conclave de Bruxaria. Antes da entrevista, agradeço ao meu amigo, bem como aos membros do Conclave, por permitirem que a entrevista seja publicada. Segue a entrevista...

O que é o Rosa dos Ventos Conclave de Bruxaria?
O RVCB – Rosa dos Ventos Conclave de Bruxaria é um grupo de prática de Bruxaria nascido a partir dos esforços e da união de Bruxos do Sul e Sudeste do País. Inspira suas práticas no culto Hecatino e na Bruxaria da Região dos Bálcãs (Leste Europeu), mais especificamente na região da Trácia; mesmo assim, não se limita a essa inspiração e permite-se utilizar com respeito de outros sistemas tradicionais, mágicos, espirituais e mitológicos, assim como honrar e cultuar Seres e Deuses de diferentes panteões culturais da humanidade. O grupo está sediado na cidade de Curitiba-PR e é formado por três Conventículos: o Conventículo do Corvo (localizado na mesma sede do Conclave e tido como o Soberano dentre os Conventículos), o Conventículo do Cavalo (Foz do Iguaçu-PR) e Conventículo da Serpente (Porto Alegre-RS), além de membros na cidade de São Paulo-SP. Juntos praticam o ofício mágico espiritual da Bruxaria celebrando os ritos inerentes a essa prática, buscando também educar neófitos de acordo com os princípios da mesma.

Como surgiu a formação e a ideia de agregar esses coventículos em um conclave?
Da aproximação de membros do antigo Rosa dos Ventos Círculo de Bruxaria (Curitiba-PR) com os do extinto Grove Serpente de Fogo de Bruxaria (Porto Alegre), naturalmente ocorreu a convergência de determinadas práticas, que instintivamente eram bastante assemelhadas. Da vontade de suas Lideranças em unirem-se e formarem-se uma só Casa, assim como era chegado o momento de alguns membros do Rosa dos Ventos conduzirem suas próprias células, nasceu o Conclave.

Além do culto à Hécate, quais as outras semelhanças que originaram o Conclave?
A grande amizade das pessoas envolvidas, os propósitos em comum, assim como a visão da Bruxaria como ofício mágico espiritual

Falastes em a Bruxaria como oficio mágico espiritual. Para a Rosa dos Ventos Conclave de Bruxaria, Bruxaria difere de Wicca?
Sim. A Wicca é uma religião neo-pagã fundada por Gerald Gardner que une a prática da Bruxaria ao Sacerdócio - e sacerdócio é exatamente um dos elementos que caracteriza a existência de uma religião.
 Já a Bruxaria é um ofício fluido e orgânico, que transgride e transcende, jamais prendendo-se a dogmas ou doutrinas - o Bruxo é um viajante errante que transita entre os Mundos.

Como é o calendário seguido pelo Rosa dos Ventos Conclave de Bruxaria?
Celebramos os Solstícios e Equinócios, para nos conectarmos com os ciclos sazonais e as energias telúricas.Também fazem parte de nosso calendário as celebrações de todas as Luas Cheias e Luas Novas. Além disso, fazem parte de nosso calendário anual, uma celebração especial à Hécate em agosto e uma para Morrighan em outubro, deusas pelas quais nutrimos um carinho em especial

O Rosa dos Ventos Conclave de Bruxaria aposta no ensino de neófitos; como se organiza o estudo daqueles que queiram buscar o RVCB?
Apostar não seria a palavra correta. Nossas portas permanecerão sempre abertas para os que considerarmos compatíveis com a nossa proposta e método de trabalho. No momento estamos instruindo nossa primeira turma de neófitos e o ingresso em qualquer um dos Conventículos se dá sempre após o Solstício de Inverno. O postulante passa por uma entrevista prévia, que ocorre durante o período do Outono

Como vocês enxergam a situação do paganismo brasileiro, que vem crescendo a cada dia?
O próprio trabalho do Rosa dos Ventos mantém paralelamente através de seus membros, atividades públicas que há anos tem mostrado bons resultados para as comunidades pagãs locais das cidades brasileiras. Um bom exemplo disso é o Dia do Orgulho Pagão. No geral, quanto ao Paganismo Brasileiro, acreditamos que devemos antes de tudo fortalecer o respeito entre os membros de nossa própria comunidade. Como podemos esperar dos outros, aquilo que não temos entre nós mesmos? Por isso é base fundamental do Rosa dos Ventos Conclave de Bruxaria fomentar o respeito pela pluraralidade do Sagrado entre as Casas e adeptos pagãos das mais diferentes sendas.

Conte um pouco mais sobre o Dia do Orgulho Pagão(DOP)?
Na verdade, eu sou o Coordenador Local do Dia do Orgulho Pagão - Porto Alegre, desde 2004, o evento do PPP® mais antigo e mantido ativo ininterruptamente na América Latina. Desde 2012 sou Coordenador Adjunto do Pagan Pride Project® para América Latina - Regional Brasil, onde coordenamos 13 cidades em nosso país. Nosso Arauto Soberano do Rosa dos Ventos Conclave de Bruxaria é Coordenador Local do Dia do Orgulho Pagão Curitiba-PR e o Arauto Regente do Conventículo do Cavalo, Anderson Schardosin é Coordenador Local do Dia do Orgulho Pagão - Foz do Iguaçu-PR. Em 2014 haverão eventos do Pagan Pride Project® no Brasil nas cidades de Botucatu-SP, Curitiba-PR, Porto-Alegre, Rio de Janeiro-RJ, Belo Horizonte-MG, Palmas-TO, Recife-PE, Fortaleza-CE, Manaus-AM, São Paulo-SP, Santana do Livramento-RS, Foz do Iguaçu-PR e Brasília-DF. O Dia do Orgulho Pagão é uma iniciativa do Pagan Pride Project® (EUA) e veio com o objetivo de reunir pagãos, amigos e familiares para celebrarem de uma maneira única o orgulho e a honra de serem pagãos, sem medo ou vergonha de esconder sua opção sobre a maneira de reconhecer o mundo e o Sagrado. Diversos grupos no mundo inteiro organizam por volta dessa época, pequenas festividades em parques ou núcleos, trazendo a desmistificação para os leigos a respeito da crença e desenvolvendo um trabalho de ativismo solidário para com a comunidade, seja em forma de ajuda à conservação do meio-ambiente ou em benefício dos mais necessitados. Desde 2001, em diversos lugares do mundo, adeptos dos mais diversos cultos e religiões pagãs tem se reunido para celebrar esse dia, com festividades, rituais públicos, palestras e workshops sobre nossas crenças, de modo que nossa existência nesse tempo seja cada vez mais elucidada, e que nossa atuação na sociedade e na comunidade possa mostrar com firmeza os objetivos que temos e as contribuições que podemos trazer para com essa nova era do Paganismo. O Pagan Pride Project® é uma organização sem fins lucrativos, tendo sua sede administrativa nos Estados Unidos com diversos Coordenadores Locais e suas respectivas comissões organizadoras de eventos nas mais diferentes partes do mundo. Os principais objetivos desta organização são o avanço das espiritualidades baseadas no Paganismo e a eliminação do preconceito, assim como da discriminação com base em crenças religiosas. A missão do Pagan Pride Project® é promover o orgulho da identidade pagã através da educação, do ativismo, da solidariedade e da comunidade.



Futuros projetos do RVCB?
Tudo que diz respeito aos nosso projetos está sob a guarda do quarto verbo: "calar". Pois infelizmente, como supracitado, alguns membros de nossa comunidade ainda carecem de respeito e honra, portanto, para evitar qualquer tipo de mal estar, adotamos a política da discrição para com tudo aquilo que está para ser realizado.

Palavras finais...
No mais, agradecemos pela honra e ensejo de participar dessa entrevista e é de nosso ensejo que ela sirva para o esclarecimento de mais uma, das mais diversas Casas de Bruxaria que existem no Brasil.

SOBRE O ENTREVISTADO - LUÍS GUSTAVO PEREIRA (LUGUS) (Porto Alegre/RS) Bacharelado em Direito e Arauto Regente, Luís Gustavo Pereira (Lugus) do Conventículo da Serpente do Rosa dos Ventos Conclave de Bruxaria. Na cidade de Porto Alegre, o Pagan Pride Project® é representado por Luís Gustavo Pereira, conhecido na comunidade pagã como Lugus. Pioneiro na introdução de atividades públicas orientadas ao público pagão no Rio Grande do Sul, Lugus é o Coordenador Local do Dia do Orgulho Pagão e Patrono do evento na cidade de Porto Alegre. Junto à sua congregação, o Grove Serpente de Fogo de Bruxaria e a Comunidade Pagã Gaúcha, foi o responsável por ter formado e mantido uma constante luta pelo reconhecimento das Espiritualidades Pagãs, mantendo desde 2004 a realização do Dia do Orgulho Pagão em sua cidade (Porto Alegre), que hoje é o evento do Pagan Pride Project® mais antigo e ainda ativo na América Latina. Atualmente Lugus é Coordenador Adjunto para do PPP® para América Latina que conta com a realização do evento em 13 cidades brasileiras. Atualmente atua junto ao Conventículo da Serpente, membro do Rosa dos Ventos Conclave de Bruxaria.

sábado, 21 de junho de 2014

Yule


    Hoje é dia de celebrar um dos 8 festivais da Roda do ano. Ainda não escrevi sobre o calendário que os praticantes da Arte seguem, então, este texto é para aqueles que já sabem o que isso significa.
    Acabamos de passar pela noite mais longa do ano. Antigamente, as pessoas acreditavam que deveriam ficar acordadas para esperar o sol nascer, caso contrário, ele não surgiria e a escuridão do inverno se manteria eternamente sobre a Terra. No Sabat de Yule, vemos o nascimento do Deus Sol, que surge do Útero da Grande Mãe, nos trazendo a esperança de dias melhores. Os cristãos adaptaram este festival pagão ao que conhecemos hoje como natal.
    Seja você um praticante solitário ou membro de um coven, deixarei algumas dicas de como celebrar o nascimento da Luz, representada pelo sol.
    *O pinheiro é o símbolo da vida eterna, já que é uma das únicas árvores que não perde suas folhas nos meses frios. Quando se montava uma árvore de natal com um galho de pinheiro, as luzes representam a esperança de que o sol retornasse após a fria e longa noite. Era costume também, deixar alimentos como oferendas, pedindo que as pessoas sobrevivessem aos meses de inverno. Claro que, hoje em dia, as pessoas não vivem apenas do que plantam. Mas mesmo assim, você pode montar uma árvore de Yule, colocando em seus galhos enfeites que representem desejos para a época que se inicia. Talvez você queira deixar alguma oferenda na natureza, pedindo fartura para os próximos meses.
     *O ato de se acender velas é um costume nesta data. Espalhe velas por seu altar e sua casa (não esqueça de tomar cuidado para não tacar fogo na casa). Velas vermelhas, amarelas, douradas e laranjas são uma boa pedida.Costumo manter uma vela vermelha acesa durante todo o dia, representado o calor do sol e o sucesso em minha vida.
    *As cores tradicionais do Sabat são vermelho e verde. Utilize-as em toalhas de altar, velas, imagens e o que mais sua criatividade mandar. Além do pinheiro, a hera é outra planta associada ao solstício, que tal enfeitar seu altar com uma toalha vermelha e espalhar hera pelo local?
    *Você também pode criar sua tora de yule, basta procurar uma tora de lenha e fixar 3 velas ( verde, vermelha e branca) em sua superfície, uma para cada desejo que queira fazer. Deixe as velas queimando durante o solstício e guarde a tora para queimá-la no próximo ano, representando os desejos alcançados.
     *Imagens solares são ótimas para decorar seu espaço sagrado também. Aproveite e preencha seu cálice com chá de laranja e cravo durante o ritual.
    *Se você possuí filhos, este vídeo lhe dá algumas ideias de como celebrar com os pequenos pagãos (em inglês):

 Não importa se sua comemoração seja repleta de cores, velas e incensos ou se você apenas irá meditar com uma única vela acesa. O que importa é o que vem do seu coração e suas verdadeiras intenções. Nenhum ornamento substitui o verdadeiro poder do sentimento.


“Que o sol aqueça sua vida, e que seus desejos virem realidade neste exato momento, conforme for de seu  merecimento.”


quinta-feira, 19 de junho de 2014

Prática mágica no cotidiano.


    Se você pudesse descrever sua vida prática dentro da Arte, como seria? Ela se limita a criar o círculo nos festivais, acender velas apenas nos feitiços, ou talvez você faça uma simples prece ao amanhecer? Eu espero, sinceramente, que sua prática não seja tão limitadora quanto os exemplos citados.
    A Arte é uma prática que não deve ser separada de nossas vidas. Não existe momentos diferentes, você não é um bruxo apenas quando está dentro de um círculo ou quando está utilizando algum oráculo; quando assumimos um compromisso como praticantes da Arte, estamos afirmando que isto é o que somos, em todos os segundos da nossa vida.
    Eu vejo muitas pessoas que se auto proclamam PRATICANTES nas redes sociais, e que são aquilo que Patti Wigington chama de “Wiccan de finais semana”, em seu texto Living a Magical Life. Talvez você seja novo em relação aos estudos da Arte, e pode estar se perguntando como incorporar suas novas crenças ao seu cotidiano. Resolvi dar pequenas dicas do que você pode fazer.

*Você não precisa usar sua roupa ritualística para ir ao mercado ou a faculdade, mas talvez você queira vestir algo que possua uma cor agradável, talvez se você estiver desanimada, você use uma camiseta vermelha.

*Quando acordar, talvez você queira acender um incenso e uma vela e agradecer aos Deuses, ou a sua Divindade de devoção, pelo dia que se inicia e pela noite tranquila. Faça o mesmo ao ir dormir. Eu costumo acordar, deixo o café sendo preparado, fico em frente ao meu altar e faço uma prece a minha Deusa, seguida por uma benção. O dia fica muito melhor.

*Se você utiliza, por exemplo, as cartas de Tarot, todo dia retire uma carta que vai representar aquele dia. Além de um pequeno conselho para as próximas 24 horas, no decorrer das semanas, você vai perceber o que a carta do dia significou e vai aprender mais ainda sobre este oráculo.

*Na hora do banho, você não está apenas retirando a sujeira física do seu corpo, mas também a energética. Use um sabonete de ervas, acrescente óleos à banheira, acenda um incenso enquanto se limpa. Uma dica simples para quem não possui banheira é adicionar 10 gotas de óleo de lavanda em uma garrafa (600ml) de água, misture e jogue do pescoço para baixo após o banho.

*Gosta de cozinhar? Que tal aprender a simbologia de cada alimento e preparar alguma receita “encantada”. Misture seus bolos visualizando propriedades para aquela comida. Garanto que o sabor ficará ainda melhor.

*Não esqueça dos seus princípios espirituais ao longo do dia. É como uma frase que li uma vez, não adianta cultuar a Deusa e chutar o primeiro cachorro que vir na rua.  Nas palavras de Scoot Cunninghan, em Living Wicca:

"(...) RELIGIÃO permeia todos os aspectos da vida. Mesmo quando não estamos iluminados por velas e dentro de um círculo, ainda assim, somos bruxos. A nossa própria VIDA deve ser visto como um ritual para a Deusa e o Deus."*

*tradução livre


REFERÊNCIAS:
 Living Wicca, de Scoot Cunninghan. 
Living a Magical Life, de Patti Wigington. Site: http://paganwiccan.about.com/od/wiccaandpaganismbasics/p/Magical_Life.htm

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

A BANALIZAÇÃO DA ESPIRITUALIDADE

Se preocupar com o desenvolver da espiritualidade se tornou algo “Cult”.  É de se concordar que com o aumento da chamada nova era, houve um aumento de despertar da humanidade, fazendo com que muitas pessoas acordassem para a consciência além de um corpo apenas físico. Mas o que preocupa é quando uma pessoa procura a espiritualidade, e me refiro a qualquer forma que seja, apenas para satisfazer seu ego. O ego é aquele ser que fica atrás de nós nos soprando aos ouvidos: “você precisa disto”, “você tem que ter aquilo, todo mundo tem”.
Vamos pensar, por exemplo, no aumento de jovens pelo antigo caminho da bruxaria. Uma pesquisa foi feita no Witches and Pagan, com adolescentes que praticam a bruxaria. Para eles, foi questionado o motivo de seguir a Arte. As respostas foram as mais variadas, mas ninguém, eu disse NINGUÉM,  citou o fato de ter status ou a execução de feitiços. Interessante, não? Mas e aqui no Brasil?
Aqui, como sempre, as coisas tomam rumos diferentes. Primeiro, nomes antigos da Arte começam uma interminável luta, que vamos chamar de “eu que trouxe”. No “eu que trouxe”, o que vale é provar de alguma forma que foi você que trouxe a bruxaria para o Brasil e que sua prática é a verdadeira dentre tantas. Para isso, vale de tudo. Pode escrever livro, dar aulas, fundar organizações, covens, círculos, e por ai vai. Só não pode ser verdadeiro e dizer que seus livros são ruins.
Depois que esses indivíduos (que deveriam ser nossos Anciões – ou Elders, do termo inglês) param de se alfinetar, começamos uma interminável discussão do que é certo ou errado dentro desta prática espiritual que livre. Frase interessante, não é mesmo? Pela primeira vez, temos algo que é totalmente LIVRE, ser restrita aos termos certo ou errado.
Agora, pense comigo...Você é jovem e ente um chamado para um caminho espiritual que lhe dê essa ligação com a natureza. O que você faz? Bem, como todo jovem crescido no mundo digital, você vai procurar sobre no velho oráculo Google e em redes sociais. E o que encontra? As mesmas intermináveis discussões.
Me pergunto como não deve ser a cabeça dos jovens que procuram o estudo em uma prática voltada a natureza, onde o ser inteiramente livre é algo fundamental, quando descobrem que hoje em dia, você é considerado sábio pelo número de likes da sua página (porque você precisa ter uma), pela quantidade de fotos com apetrechos bruxescos que você possui e pela quantidade de asneiras que você fala. Ser um jovem bruxo hoje em dia, é apontar o dedo na cara do outro e dizer: você não é bruxo! É julgar o outro e o diminuir com palavras ofensivas, chulas e mal colocadas. Ser bruxo hoje em dia, é ter um tarot da Lady Gaga e ouvir Lana Del Rey durante a meditação.
Mas do que adianta reclamar dos jovens, se os velhos continuam brigando? Um bruxo não precisa mais conhecer a si mesmo, desenvolver poderes com um treinamento disciplinado, muito menos colocar os pés na terra e a senti-la. Um bom bruxo precisa ter status, muitos amigos no facebook, fotos diversas de rituais diversos, usar Chanel, ouvir pop e nunca, em circunstância alguma, colocar os pés na terra. Afinal, aquele creme de pêssego da Katy Perry faz maravilhas com a pele.
Ironias a parte, quero deixar claro de que não discordo, nem menosprezo qualquer entidade ou organização em prol do crescimento e conscientização da Bruxaria. Há ótimas instituições que visam um verdadeiro despertar espiritual. Assim como pessoas pioneiras. Também não julgo pessoas que ouvem pop, nem as cantoras citadas (escuto também). O problema não é o que você escuta ou veste. O problema é o que você diz saber e ser, quando quem é e realmente sabe, não diz.
Cena de AHS COVEN, com a personagem diva Myrtle Snow

domingo, 8 de dezembro de 2013

A BRUXARIA

Alguns anos atrás a Bruxaria tornou-se pública, por assim dizer, e vem conquistando espaço em bancas, livrarias, lojas ao estilo new age, dentro outros ramos.Foram inúmeros livros publicados sobre a Arte. Muitos autores são bruxas e bruxos que viram nesse advento da bruxaria, a chance de “sair do armário das vassouras” e tornar sua prática espiritual pública. Outros autores são pesquisadores, muitas vezes dão campo da história, que buscam aprender sobre a bruxaria para melhor compreender a história da humanidade. Independente do motivo que levou a escrever, o fato é que livros sobre Bruxaria tem lotado prateleiras em muitos lugares do mundo.
Cada um apresentando sua experiência pessoal, temos livros sobre Deusas e Deuses, elementais, cristais, aura, feitiços, rituais, covens, familiares, dentre milhares de outros. Mas afinal, o que é Bruxaria?
Existem diferentes definições para esta palavra. Cada praticante poderá defini-la como algo diferente. Isso acontece porque ela é uma prática. E como dirigir um carro, a sensação pode ser diferente para cada um. Eu costumo dizer que a Arte é algo que precisa ser sentido. Não adianta você ler mil livros e saber todo o conteúdo de cor se você nunca adentrou uma floresta e escutou a natureza. Vamos tentar entender...
Você é um homem das cavernas (ou uma mulher). Você esta lá na sua caverna escura quando do horizonte surge uma enorme bola de fogo e ilumina tudo ao seu redor. Quando você sai da caverna, percebe que sua pele é atingida pela luz e se aquece. Essa força misteriosa vai atravessando o céu até se esconder no horizonte. E com ele, desaparece a luz e o calor. Você não enxerga nada a sua frente. Alguns minutos se passam e, do mesmo local onde surgiu o sol, aparece a lua. Com toda a sua beleza, você fica encantado com essa bela força desconhecida. Conforme os dias vão passando, você percebe que a lua vai mudando de forma e com isso, coisas passam a acontecer.
Avançando alguns anos, você vive em uma tribo. Sua tribo cultua as forças do sol e da lua, como seus ancestrais faziam, quando descobriram a energia das tais forças misteriosas. Sua tribo se reúne quando a lua cheia ilumina o mundo e saúda o sol quando ele nasce. Sua tribo conhece as plantas e conversa com elas, sentindo a energia de cada uma e aprendendo sua cura. A curandeira da tribo conhece os mistérios e sabe conversar com os Deuses.
Em outra época, você é a sacerdotisa da Mãe Terra. Você reverencia sua Deusa, personificada pela Lua, e seu Deus, incorporado no Sol. Você conhece as mudanças do planeta e compreende a sabedoria que reside no solo que você pisa e nos elementos que estão ao seu redor. Enquanto seu marido sai para caçar algum alimento, você reza para a própria Terra que lhe dê um alimento e ela lhe ensina a plantar. Quando um de seus protegidos fica doente, você comunga com a Terra e aprende a preparar um remédio com as ervas disponíveis.
Um pouco mais a frente, as pessoas cultuam a Terra como sagrada. Em troca, ela ensina tudo o que pode a seus filhos, para que todos permaneçam em equilíbrio com o planeta em que vivem. Com o passar do tempo, algumas pessoas começam a temer esse conhecimento e decidem transformá-lo em negatividade, mas isso é assunto para outro post.
Essa energia, essa força misteriosa, essas personificações de Deusas e Deuses são os poderes da Bruxaria. A Natureza é um ser vivo que pulsa e respira. A Bruxaria é a própria “religião”da Terra. Não pretendo apresentar um termo “verdadeiro” capaz de definir esta prática. Você precisa viver, sentir e assim, poderá conhecer verdadeiramente o seu significado. Talvez o verdadeiro sentido seja um dos muitos mistérios da vida.
Não esqueça: por mais que você leia, o sentido não virá até que você sinta.
Abençoados sejam!