sábado, 21 de junho de 2014

Yule


    Hoje é dia de celebrar um dos 8 festivais da Roda do ano. Ainda não escrevi sobre o calendário que os praticantes da Arte seguem, então, este texto é para aqueles que já sabem o que isso significa.
    Acabamos de passar pela noite mais longa do ano. Antigamente, as pessoas acreditavam que deveriam ficar acordadas para esperar o sol nascer, caso contrário, ele não surgiria e a escuridão do inverno se manteria eternamente sobre a Terra. No Sabat de Yule, vemos o nascimento do Deus Sol, que surge do Útero da Grande Mãe, nos trazendo a esperança de dias melhores. Os cristãos adaptaram este festival pagão ao que conhecemos hoje como natal.
    Seja você um praticante solitário ou membro de um coven, deixarei algumas dicas de como celebrar o nascimento da Luz, representada pelo sol.
    *O pinheiro é o símbolo da vida eterna, já que é uma das únicas árvores que não perde suas folhas nos meses frios. Quando se montava uma árvore de natal com um galho de pinheiro, as luzes representam a esperança de que o sol retornasse após a fria e longa noite. Era costume também, deixar alimentos como oferendas, pedindo que as pessoas sobrevivessem aos meses de inverno. Claro que, hoje em dia, as pessoas não vivem apenas do que plantam. Mas mesmo assim, você pode montar uma árvore de Yule, colocando em seus galhos enfeites que representem desejos para a época que se inicia. Talvez você queira deixar alguma oferenda na natureza, pedindo fartura para os próximos meses.
     *O ato de se acender velas é um costume nesta data. Espalhe velas por seu altar e sua casa (não esqueça de tomar cuidado para não tacar fogo na casa). Velas vermelhas, amarelas, douradas e laranjas são uma boa pedida.Costumo manter uma vela vermelha acesa durante todo o dia, representado o calor do sol e o sucesso em minha vida.
    *As cores tradicionais do Sabat são vermelho e verde. Utilize-as em toalhas de altar, velas, imagens e o que mais sua criatividade mandar. Além do pinheiro, a hera é outra planta associada ao solstício, que tal enfeitar seu altar com uma toalha vermelha e espalhar hera pelo local?
    *Você também pode criar sua tora de yule, basta procurar uma tora de lenha e fixar 3 velas ( verde, vermelha e branca) em sua superfície, uma para cada desejo que queira fazer. Deixe as velas queimando durante o solstício e guarde a tora para queimá-la no próximo ano, representando os desejos alcançados.
     *Imagens solares são ótimas para decorar seu espaço sagrado também. Aproveite e preencha seu cálice com chá de laranja e cravo durante o ritual.
    *Se você possuí filhos, este vídeo lhe dá algumas ideias de como celebrar com os pequenos pagãos (em inglês):

 Não importa se sua comemoração seja repleta de cores, velas e incensos ou se você apenas irá meditar com uma única vela acesa. O que importa é o que vem do seu coração e suas verdadeiras intenções. Nenhum ornamento substitui o verdadeiro poder do sentimento.


“Que o sol aqueça sua vida, e que seus desejos virem realidade neste exato momento, conforme for de seu  merecimento.”


quinta-feira, 19 de junho de 2014

Prática mágica no cotidiano.


    Se você pudesse descrever sua vida prática dentro da Arte, como seria? Ela se limita a criar o círculo nos festivais, acender velas apenas nos feitiços, ou talvez você faça uma simples prece ao amanhecer? Eu espero, sinceramente, que sua prática não seja tão limitadora quanto os exemplos citados.
    A Arte é uma prática que não deve ser separada de nossas vidas. Não existe momentos diferentes, você não é um bruxo apenas quando está dentro de um círculo ou quando está utilizando algum oráculo; quando assumimos um compromisso como praticantes da Arte, estamos afirmando que isto é o que somos, em todos os segundos da nossa vida.
    Eu vejo muitas pessoas que se auto proclamam PRATICANTES nas redes sociais, e que são aquilo que Patti Wigington chama de “Wiccan de finais semana”, em seu texto Living a Magical Life. Talvez você seja novo em relação aos estudos da Arte, e pode estar se perguntando como incorporar suas novas crenças ao seu cotidiano. Resolvi dar pequenas dicas do que você pode fazer.

*Você não precisa usar sua roupa ritualística para ir ao mercado ou a faculdade, mas talvez você queira vestir algo que possua uma cor agradável, talvez se você estiver desanimada, você use uma camiseta vermelha.

*Quando acordar, talvez você queira acender um incenso e uma vela e agradecer aos Deuses, ou a sua Divindade de devoção, pelo dia que se inicia e pela noite tranquila. Faça o mesmo ao ir dormir. Eu costumo acordar, deixo o café sendo preparado, fico em frente ao meu altar e faço uma prece a minha Deusa, seguida por uma benção. O dia fica muito melhor.

*Se você utiliza, por exemplo, as cartas de Tarot, todo dia retire uma carta que vai representar aquele dia. Além de um pequeno conselho para as próximas 24 horas, no decorrer das semanas, você vai perceber o que a carta do dia significou e vai aprender mais ainda sobre este oráculo.

*Na hora do banho, você não está apenas retirando a sujeira física do seu corpo, mas também a energética. Use um sabonete de ervas, acrescente óleos à banheira, acenda um incenso enquanto se limpa. Uma dica simples para quem não possui banheira é adicionar 10 gotas de óleo de lavanda em uma garrafa (600ml) de água, misture e jogue do pescoço para baixo após o banho.

*Gosta de cozinhar? Que tal aprender a simbologia de cada alimento e preparar alguma receita “encantada”. Misture seus bolos visualizando propriedades para aquela comida. Garanto que o sabor ficará ainda melhor.

*Não esqueça dos seus princípios espirituais ao longo do dia. É como uma frase que li uma vez, não adianta cultuar a Deusa e chutar o primeiro cachorro que vir na rua.  Nas palavras de Scoot Cunninghan, em Living Wicca:

"(...) RELIGIÃO permeia todos os aspectos da vida. Mesmo quando não estamos iluminados por velas e dentro de um círculo, ainda assim, somos bruxos. A nossa própria VIDA deve ser visto como um ritual para a Deusa e o Deus."*

*tradução livre


REFERÊNCIAS:
 Living Wicca, de Scoot Cunninghan. 
Living a Magical Life, de Patti Wigington. Site: http://paganwiccan.about.com/od/wiccaandpaganismbasics/p/Magical_Life.htm

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

A BANALIZAÇÃO DA ESPIRITUALIDADE

Se preocupar com o desenvolver da espiritualidade se tornou algo “Cult”.  É de se concordar que com o aumento da chamada nova era, houve um aumento de despertar da humanidade, fazendo com que muitas pessoas acordassem para a consciência além de um corpo apenas físico. Mas o que preocupa é quando uma pessoa procura a espiritualidade, e me refiro a qualquer forma que seja, apenas para satisfazer seu ego. O ego é aquele ser que fica atrás de nós nos soprando aos ouvidos: “você precisa disto”, “você tem que ter aquilo, todo mundo tem”.
Vamos pensar, por exemplo, no aumento de jovens pelo antigo caminho da bruxaria. Uma pesquisa foi feita no Witches and Pagan, com adolescentes que praticam a bruxaria. Para eles, foi questionado o motivo de seguir a Arte. As respostas foram as mais variadas, mas ninguém, eu disse NINGUÉM,  citou o fato de ter status ou a execução de feitiços. Interessante, não? Mas e aqui no Brasil?
Aqui, como sempre, as coisas tomam rumos diferentes. Primeiro, nomes antigos da Arte começam uma interminável luta, que vamos chamar de “eu que trouxe”. No “eu que trouxe”, o que vale é provar de alguma forma que foi você que trouxe a bruxaria para o Brasil e que sua prática é a verdadeira dentre tantas. Para isso, vale de tudo. Pode escrever livro, dar aulas, fundar organizações, covens, círculos, e por ai vai. Só não pode ser verdadeiro e dizer que seus livros são ruins.
Depois que esses indivíduos (que deveriam ser nossos Anciões – ou Elders, do termo inglês) param de se alfinetar, começamos uma interminável discussão do que é certo ou errado dentro desta prática espiritual que livre. Frase interessante, não é mesmo? Pela primeira vez, temos algo que é totalmente LIVRE, ser restrita aos termos certo ou errado.
Agora, pense comigo...Você é jovem e ente um chamado para um caminho espiritual que lhe dê essa ligação com a natureza. O que você faz? Bem, como todo jovem crescido no mundo digital, você vai procurar sobre no velho oráculo Google e em redes sociais. E o que encontra? As mesmas intermináveis discussões.
Me pergunto como não deve ser a cabeça dos jovens que procuram o estudo em uma prática voltada a natureza, onde o ser inteiramente livre é algo fundamental, quando descobrem que hoje em dia, você é considerado sábio pelo número de likes da sua página (porque você precisa ter uma), pela quantidade de fotos com apetrechos bruxescos que você possui e pela quantidade de asneiras que você fala. Ser um jovem bruxo hoje em dia, é apontar o dedo na cara do outro e dizer: você não é bruxo! É julgar o outro e o diminuir com palavras ofensivas, chulas e mal colocadas. Ser bruxo hoje em dia, é ter um tarot da Lady Gaga e ouvir Lana Del Rey durante a meditação.
Mas do que adianta reclamar dos jovens, se os velhos continuam brigando? Um bruxo não precisa mais conhecer a si mesmo, desenvolver poderes com um treinamento disciplinado, muito menos colocar os pés na terra e a senti-la. Um bom bruxo precisa ter status, muitos amigos no facebook, fotos diversas de rituais diversos, usar Chanel, ouvir pop e nunca, em circunstância alguma, colocar os pés na terra. Afinal, aquele creme de pêssego da Katy Perry faz maravilhas com a pele.
Ironias a parte, quero deixar claro de que não discordo, nem menosprezo qualquer entidade ou organização em prol do crescimento e conscientização da Bruxaria. Há ótimas instituições que visam um verdadeiro despertar espiritual. Assim como pessoas pioneiras. Também não julgo pessoas que ouvem pop, nem as cantoras citadas (escuto também). O problema não é o que você escuta ou veste. O problema é o que você diz saber e ser, quando quem é e realmente sabe, não diz.
Cena de AHS COVEN, com a personagem diva Myrtle Snow

domingo, 8 de dezembro de 2013

A BRUXARIA

Alguns anos atrás a Bruxaria tornou-se pública, por assim dizer, e vem conquistando espaço em bancas, livrarias, lojas ao estilo new age, dentro outros ramos.Foram inúmeros livros publicados sobre a Arte. Muitos autores são bruxas e bruxos que viram nesse advento da bruxaria, a chance de “sair do armário das vassouras” e tornar sua prática espiritual pública. Outros autores são pesquisadores, muitas vezes dão campo da história, que buscam aprender sobre a bruxaria para melhor compreender a história da humanidade. Independente do motivo que levou a escrever, o fato é que livros sobre Bruxaria tem lotado prateleiras em muitos lugares do mundo.
Cada um apresentando sua experiência pessoal, temos livros sobre Deusas e Deuses, elementais, cristais, aura, feitiços, rituais, covens, familiares, dentre milhares de outros. Mas afinal, o que é Bruxaria?
Existem diferentes definições para esta palavra. Cada praticante poderá defini-la como algo diferente. Isso acontece porque ela é uma prática. E como dirigir um carro, a sensação pode ser diferente para cada um. Eu costumo dizer que a Arte é algo que precisa ser sentido. Não adianta você ler mil livros e saber todo o conteúdo de cor se você nunca adentrou uma floresta e escutou a natureza. Vamos tentar entender...
Você é um homem das cavernas (ou uma mulher). Você esta lá na sua caverna escura quando do horizonte surge uma enorme bola de fogo e ilumina tudo ao seu redor. Quando você sai da caverna, percebe que sua pele é atingida pela luz e se aquece. Essa força misteriosa vai atravessando o céu até se esconder no horizonte. E com ele, desaparece a luz e o calor. Você não enxerga nada a sua frente. Alguns minutos se passam e, do mesmo local onde surgiu o sol, aparece a lua. Com toda a sua beleza, você fica encantado com essa bela força desconhecida. Conforme os dias vão passando, você percebe que a lua vai mudando de forma e com isso, coisas passam a acontecer.
Avançando alguns anos, você vive em uma tribo. Sua tribo cultua as forças do sol e da lua, como seus ancestrais faziam, quando descobriram a energia das tais forças misteriosas. Sua tribo se reúne quando a lua cheia ilumina o mundo e saúda o sol quando ele nasce. Sua tribo conhece as plantas e conversa com elas, sentindo a energia de cada uma e aprendendo sua cura. A curandeira da tribo conhece os mistérios e sabe conversar com os Deuses.
Em outra época, você é a sacerdotisa da Mãe Terra. Você reverencia sua Deusa, personificada pela Lua, e seu Deus, incorporado no Sol. Você conhece as mudanças do planeta e compreende a sabedoria que reside no solo que você pisa e nos elementos que estão ao seu redor. Enquanto seu marido sai para caçar algum alimento, você reza para a própria Terra que lhe dê um alimento e ela lhe ensina a plantar. Quando um de seus protegidos fica doente, você comunga com a Terra e aprende a preparar um remédio com as ervas disponíveis.
Um pouco mais a frente, as pessoas cultuam a Terra como sagrada. Em troca, ela ensina tudo o que pode a seus filhos, para que todos permaneçam em equilíbrio com o planeta em que vivem. Com o passar do tempo, algumas pessoas começam a temer esse conhecimento e decidem transformá-lo em negatividade, mas isso é assunto para outro post.
Essa energia, essa força misteriosa, essas personificações de Deusas e Deuses são os poderes da Bruxaria. A Natureza é um ser vivo que pulsa e respira. A Bruxaria é a própria “religião”da Terra. Não pretendo apresentar um termo “verdadeiro” capaz de definir esta prática. Você precisa viver, sentir e assim, poderá conhecer verdadeiramente o seu significado. Talvez o verdadeiro sentido seja um dos muitos mistérios da vida.
Não esqueça: por mais que você leia, o sentido não virá até que você sinta.
Abençoados sejam!

Feliz Encontro!

"Salve, Leste, poderes do Ar!
Sopra através de nós e purifica-nos.
Desperta o que ficou adormecido muito tempo.
Dá-nos a bênção de Tua luz.

Salve, Sul, poderes do Togo!
Tempera nosso espírito com Teu calor.
Atiça a chama de nossa vontade.
Dá-nos a bênção de Tua força.

Salve, Oeste, poderes da Agua!
Lava-nos e flui através de nós.
Carrega-nos rapidamente através de nossos dias.
Dá-nos a bênção da Vida.

Salve, Norte, poderes da Terra!
Espelho escuro que não reflete qualquer imagem,
Mas que olha de volta para nós com nossos próprios olhos.

Dá-nos a bênção de tua sabedoria." *


E assim iniciamos nosso círculo. Este é um espaço sagrado onde a magia se encontra e dançamos todos juntos, em perfeito amor e perfeita confiança. Aqui, somente o amor e o respeito prevalecerá.
Nos dê sua mão e junte-se a nós, neste círculo das bruxas. 



*Exraído do livro Wiccan Beliefs & Practices, de Gary Cantrell.